Extratos de notícias de jornais Madeirenses

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

'Pirata' engana emergência

Um 'pirata' radioamador está a usar abusivamente frequências reservadas para lançar falsos pedidos de auxílio, subtraindo meios de busca e salvamento preciosos em terra e no mar. Esta brincadeira de mau gosto - crime nos termos da lei - tem sido prática reiterada desde 20 de Fevereiro e já lançou a confusão nas linhas de emergência da Região. A delegação regional da ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) e a Polícia Marítima encabeçam uma investigação conjunta e já têm pistas para interceptar o prevaricador.

Na Madeira são reconhecidos pela ANACOM 244 radioamadores a título individual, aos quais se juntam duas associações, mais a Protecção Civil. O abuso da frequência interdita àquele 'hobby' tem sido acompanhado por um radioamador que denunciou, no espaço 'cartas de leitor' deste matutino, as sucessivas situações, reportadas às autoridades, por não querer ver manchada a actividade de radioamador na Madeira.

O delegado regional da ANACOM, Nelson Melim, diz que não estamos perante uma simples interferência nas telecomunicações confinadas às autoridades e às instituições de socorro. "É uma utilização ilegal e abusiva daquela frequência", aponta. "Ou seja, é um radioamador que, abusivamente, está a entrar em frequências que não pode".

Exemplo disso foi o último episódio, ocorrido na madrugada da terça-feira da última semana, quando uma chamada de sinal inconstante e de voz enrolada na frequência da Marinha (CH 16), simulou um pedido de auxílio a sul da Calheta, fornecendo o nome de uma embarcação falso. A ligação, mantida ao longo de meia hora, só não enganou a autoridade marítima porque um radioamador denunciou o 'embuste' do colega.

Para Nelson Melim, não se trata de um interferência involuntária como por vezes acontece com fenómenos radioeléctricos em frequências restritas. Considera este caso bem mais grave, pois há uma intenção dolosa.

"Uma situação deste tipo de interferência em linhas de emergência é um processo crime, não se resume a uma contra-ordenação financeira. E além disso, põe em causa uma série de danos morais", sustenta o delegado da ANACOM na Madeira.

"O facto de estar a accionar meios de emergência e de estar a chamá-los para uma situação que não existe, acaba por subtrair meios de socorro para uma situação real que eventualmente possa estar a acontecer à mesma hora", observa.

O engenheiro Nelson Melim tranquiliza, garantindo que "desde a primeira situação que a ANACOM e a autoridade marítima na Madeira, têm falado, estão em perfeita sintonia e têm trabalhado".

"Da nossa parte posso dizer que estão a ser feitos esforços necessários para que essa situação seja terminada e é sempre importante denunciar este crimes, que não podem ser levados como uma mera brincadeira", frisa.

Embora recuse revelar pormenores técnicos sobre as ferramentas disponíveis para interceptar a origem do sinal do radioamador 'pirata', Nelson Melim adianta que ANACOM e Polícia Marítima já têm "alguns indícios".

"Houve situações distintas em que o radioamador entrou na frequência de determinadas entidades", confirma, sem entrar em detalhes.

Esta intromissão abusiva não é, porém, um caso pontual. Tem havido registos de abusos na utilização das frequências reservadas às entidades que operam na busca e salvamento em mar e nas missões de emergência em terra, desde que a aluvião de 20 de Fevereiro desligou, temporariamente, as telecomunicações convencionais na ilha e obrigou à utilização de frequências alternativas. Terá sido nessa altura que nasceu o 'pirata' radioamador.

Processo moroso
O delegado regional da ANACOM explica que a detenção em flagrante delito no domínio das telecomunicações tem de ser feito com rigor técnico e não é um processo fácil, directo e imediato. Envolve, aliás, muito dispêndio de paciência e o empenho de diversos equipamentos técnicos.

"Há que entender que estes fenómenos radioeléctricos são esporádicos. É tudo uma questão de probabilidades", argumenta.

Diz que o prevaricador tem de ser interceptado em flagrante e através de uma rápida localização do sinal que invade a frequência. Explica que na maior parte das vezes, este tipo de transmissões ocorrem em escassos segundos ou minutos, o suficiente para confundir as autoridades e desencadear uma operação de busca e salvamento, sem porém, ser possível detectar a sua origem, localizar ou identificar o infractor.

Daí a demora na detenção do 'pirata'. "Essa é uma das razões", considera o engenheiro.

Garante, de resto, que "a delegação regional da ANACOM e a autoridade marítima da Madeira estão em perfeita sintonia e colaboração".

in Diario de Noticias 25/08/2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Interferências

Há na Madeira um rádio-amador que desde há algum tempo, se diverte em interferir em frequências de rádio interditas ao nosso hobby. Refiro-me à frequência de chamada da marinha (VHF-marítimo), a outras frequências militares navais de VHF e ainda à rede analógica da PSP de UHF.

De início começou a solicitar inocentes reportes meteorológicos ao Posto Rádio Funchal até 20 milhas do arquipélago utilizando indicativo e denominação de embarcação falsos...

Logo no pós-20 de Fevereiro deste ano, aquando da tragédia, interferiu nas comunicações das várias brigadas móveis da marinha que operavam em alguns estacionamentos atolados do Funchal, por diversas vezes, utilizando um indicativo falso...Esta gravosa ocorrência correspondeu à mudança de residência desse radio-amador, para uma posição mais cimeira do Funchal, distinta dos dados que a ANACOM dispõe no seu registo de utente do serviço-amador.

Nessa altura, eu comuniquei o facto à ANACOM que á a Autoridade Nacional de Comunicações, a quem cabe a fiscalização do espectro rádio-eléctrico...Mas nada mais soube além da constituição do registo da reclamação.

Passado algum tempo novas intromissões detectei levados a cabo pelo mesmo protagonista...Desta vez era à rede analógica de UHF da PSP do Funchal...Até metia alguns pequenos insultos e "bocas"...

Novamente elaborei nova reclamação à ANACOM e eu próprio liguei à PSP em simultâneo às interferências, que de uma forma geral têm ocorrido sobretudo em período nocturno.

Após alguns dias, recebo um email do Sr. Delegado Regional da ANACOM, que agradeceu os dados facultados e que até tinha reuniões agendadas com as entidades visadas pela moléstia do "alegado" colega...

Seguiu-se um longo período sem escutar, quer comunicações lícitas ou ilícitas do tal prevaricador...Até há um mês atrás escutá-lo nas frequências normais atribuídas aos rádio-amadores (VHF e UHF)...

Pensei que o colega entretanto se reabilitara, mas não....

Terça-feira, aos primeiros minutos do dia 00h30 escutei uma chamada com voz minha conhecida na frequência de chamada da marinha (CH 16), numa voz um pouco enrolada com sinal inconstante (a partir de equipamento portátil),a simular uma emergência marítima A SUL DA CALHETA, com nome de embarcação falso (EMBARCAÇÃO HOSTRIX, MESTRE SIDÓNIO), sem responder a questões concretas da autoridade marítima, etc...Isto passou-se durante meia-hora...Com comunicações cadenciadas do prevaricador...Ao aperceber-me que uma embarcação sairia em socorro, contactei 112, que por sua vez passou a chamada para o Serviço Regional de Protecção Civil, que transferiu a chamada para a Polícia Marítima que tardava em atender...Finalmente falei, identifiquei-me e disse que era um EMBUSTE, protagonizado por um "colega" meu do rádio-amadorismo. Pediram-me o meu contacto e dei-lhes...Desconheço posteriores desenvolvimentos. Ah, e novamente enviei email à ANACOM, - aquela entidade a quem cabe fiscalizar "estas coisas"- e que licencia estas pessoas a operar rádios... (...)

A continuarmos assim, todos os rádio-amadores estão sob suspeita, ou sequer alguém que tenha um rádio (que qualquer um de nós pode comprar no ebay)...Mas quando há dados concretos e nada se faz, fico a pensar se é preciso alguém levar a ANACOM de mão dada, ao local do suspeito(?)...


in Cartas do Leitor, Diario de Noticias 20/08/2010